radiante nos acenos solenes sobre o dorso da mata,
ainda úmida das carícias do orvalho
que copula em suas folhas.
O sono acorda querendo dormir
em busca de suas fugas e repouso;
pálpebras cerradas desabrocham nas janelas da alma,
vislumbram o porvir nos raios do primeiro sol.
O café do vizinho entra pelas frestas da porta,
que jamais se fecha, escancarada ao mundo;
servido em minhas narinas,
tem odor de horizontes abertos,
sabor próximo ao do hortelã-pimenta das madrugadas,
timidez de pétalas cansadas de flor,
atiradas no colo da terra.
Moisés Augusto Gonçalves, in Fragmentos Impertinentes