vistosas e serenas como só cabe às crianças e às plantas.
De quando em vez, passeiam pela casa
em seus vasos de parafina e pó de pedra;
Sobre dois pés em câmera lenta e mãos de seda e porcelana.
Vasos moldados por mãos de cinco dedos,
uma idéia dançante e algo mais.
O pequeno apartamento tornou-se viveiro de mudas
entoando a valsa das flores.
Jardineiro das horas livres,
estou algemado em suas folhas
e me nutro desta seiva que corre sem cronômetros
em seu caule tenro.
Podium de primores e belezas castas.
Suculentas na cor, na forma,
na seiva, na discrição verde-musgo,
num “não sei que” que me tira dos livros e devolve ao útero.
Cúmplices do verso e do reverso,
sentinelas das paixões que me governam:
o amor que quer amor, o saber que não se sacia,
o pulsar juntos ao ritmo da mesma dor.
Dialogo com meus ids e egos, alter cansado de mim.
Com elas, as suculentas, o diálogo é sinfonia de flertes,
sedução do colo amigo,
repouso de pupilas e línguas cansadas.
Alguma coisa de oásis...
Moisés Augusto Gonçalves, in Ruas vazias de gente