Anéis que compõem minhas digitais,
menestréis de minha alegria,
rimas de meu verso sem rimas esculpidas.
Faróis de minhas noites de mares bravios
e da sofreguidão de minha inquietude.
Eu que vivi naufrágios e conquistas,
aportei muitos cais,
zarpei sem demoras.
Bailei ao som de Mozart e Engenheiros do Hawaí,
de Clementina de Jesus e Cazuza.
Na soleira da porta,
aguardo um telegrama.
aguardo um telegrama.
O amor se foi,
deixando um rastro iluminado
deixando um rastro iluminado
de saudades que insistiram em ficar
e sua pose nua,
envolta em gelo seco.
envolta em gelo seco.
Calejado pela vida,
rompi certezas e embalagens coloridas.
Tranquei a sete chaves
meu baú de rótulos prontos e tabelados.
Devolvo ao vento as pedras
que me atiraram e seus estilhaços.
Ninguém é meu alvo ou todo mundo.
Moisés Augusto Gonçalves, in Fragmentos impertinentes