Aqui jaz, escrevam na lápide fria,
um vulcão que jamais se extingue, adormece.
Terremoto que repousa, tufão em transe.
Maremoto ondulado de retornos.
Não quero a lápide fria repleta de ontens,
não-dizeres ou silêncios não-ouvidos,
entumecida de suores frios e desejos mórbidos,
altar da hipocrisia de lágrimas e lamúrias vãs.
Uma escrita singela e só,
Uma escrita singela e só,
que sintetize essa chama que jamais se extingue,
índole inscrita em traços fortes.
Escrevam! Oh, escrevam na minha lápide
o que inscrevi nos anos que vivi:
Dignidade!
Moisés Augusto Gonçalves, in Fragmentos impertinentes - e outras tessituras