sábado, 22 de dezembro de 2012

Especialíssimos...


Imagem: Kaveh H. Steppenwolf

Os contados nos dedos são amigos;
Anéis que compõem minhas digitais,
menestréis de minha alegria,
rimas de meu verso sem rimas esculpidas.
Faróis de minhas noites de mares bravios
e da sofreguidão de minha inquietude.

Eu que vivi naufrágios e conquistas,
aportei muitos cais, 
zarpei sem demoras.
Bailei ao som de Mozart
 e Engenheiros do Hawaí,
de Clementina de Jesus e Cazuza.

Na soleira da porta, 
aguardo um telegrama.
O amor se foi, 
deixando um rastro iluminado
de saudades que insistiram em ficar
e sua pose nua,
 envolta em gelo seco.

Calejado pela vida,
rompi certezas e embalagens coloridas.
Tranquei a sete chaves
meu baú de rótulos prontos e tabelados.
Devolvo ao vento as pedras
que me atiraram e seus estilhaços.
Ninguém é meu alvo ou todo mundo.

Moisés Augusto Gonçalves, in Fragmentos impertinentes