sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Seletos e seletas...

Imagem: Olbinski

Os contados nos dedos são amigos.
Anéis que compõem minhas digitais,
menestréis de minha alegria,
rimas de meu verso sem rimas esculpidas.
Faróis de minhas noites de mares bravios
e da sofreguidão de minha inquietude.

Eu que vivi naufrágios e conquistas,
aportei muitos cais, zarpei sem demoras.
Bailei ao som de Mozart e Engenheiros do Hawaí,
de Clementina de Jesus e Cazuza.

Na soleira da porta, aguardo um telegrama
O amor se foi, deixando um rastro iluminado
de saudades que insistiram em ficar
e sua pose nua,  envolta em gelo seco.
Calejado pela vida,
rompi certezas e embalagens coloridas.

Tranquei a sete chaves
meu baú de rótulos prontos e tabelados.
Devolvo ao vento as pedras
que me atiraram e seus estilhaços.
Ninguém é meu alvo ou todo mundo.

Moisés Augusto Gonçalves, in Fragmentos impertinentes