sábado, 30 de julho de 2011

No cais desta vida

Levanto âncoras de pés virgens de estradas e rumos,
cravados ao chão perderam horizontes, tempos e rimas.
Não viram zarparem os navios carregados de gentes
e esperanças que se foram,
embaladas em adeuses sem retornos.

No cais desta vida,
sou a lânguida e última fornalha acessa,
insisto em ficar acordado,
incandescente e alerta,
à espera do barco,
da lenha,
do sussurro no ouvido,
das mãos bailarinas deslizando
nas curvas suaves do gozo de ter-te.

Moisés Augusto Gonçalves, in ruas vazias de gente