domingo, 27 de fevereiro de 2011

Subterrâneos

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Atravesso a urbs entorpecida,
eu e meus demônios,
estrelas sem guia,
carnavais da memória.

Degusto o sabor do pão dormido
que perdeu a hora do almoço,
ensaio um senão 
e flerto um olhar na esquina.

Não mata a minha sede 
a água da fonte que secou
de tanto banhar a nudez coberta de vergonhas.

Nas entranhas da noite fria, 
o coração partido murmura saudades.
A solidão não adiou o encontro sem tréguas.
Mesmo assim, toco o dorso das carnes ausentes
e os fiapos de ti que pulsam em meus dedos.

Moisés Augusto Gonçalves, in ruas vazias de gente