eu e meus demônios,
estrelas sem guia,
carnavais da memória.
Degusto o sabor do pão dormido
que perdeu a hora do almoço,
ensaio um senão
e flerto um olhar na esquina.
Não mata a minha sede
a água da fonte que secou
a água da fonte que secou
de tanto banhar a nudez coberta de vergonhas.
Nas entranhas da noite fria,
o coração partido murmura saudades.
A solidão não adiou o encontro sem tréguas.
Mesmo assim, toco o dorso das carnes ausentes
e os fiapos de ti que pulsam em meus dedos.
Moisés Augusto Gonçalves, in ruas vazias de gente