sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Tenho um lugar reservado na mesa
para o amor desconhecido.

Ofereço um brinde ao futuro,
aos seus mistérios e cupidos.

Há sempre uma vaga aberta no coração,
chagado de desejos e taras.
Partido.

Não conheci o amor
vendido nos livros e novelas,
sempre com final feliz.

Recebi muitos xis em meu âmago.
Senti seus grafites,
bebi sua tinta.

A sisudez de meu semblante
fala de recusas e anátemas.

Ouço a voz rouca dos ausentes,
vejo seus esconderijos nas pedras.

Continuo estrangeiro
onde quer que eu vá,
em qualquer lugar.

Moisés Augusto Gonçalves, in Fragmentos impertinentes