Não sabia por quantas fomes tinha sido comido;
quantas auroras não viu, entorpecido.
Apenas que foram muitas.
Fazia tempo que não saboreava um texto
quantas auroras não viu, entorpecido.
Apenas que foram muitas.
Fazia tempo que não saboreava um texto
escrito à tinta e coração.
Que não tocava faces sem as rugas das mãos
lapidadas pelo tempo.
Fazia muito, muito tempo...
Moisés Augusto Gonçalves, in Fragmentos impertinentes