domingo, 12 de dezembro de 2010

Fragmento XXIX


Uma vida é pouco e é só ela que tenho...
em vasos de barro.
Meu prazo de validade esvai-se aos poucos
na névoa densa do tempo.

Deixo rascunhado este ante-penúltimo poema
na tela da máquina, sem senha de entrada.
Não posso perdê-lo, síntese de mim, 
palavra possível, narrativa sem peias.

Talvez alguém o visite
e me encontre adormecido
nas entrelinhas e pingos nos is.

Moisés Augusto Gonçalves, in Fragmentos impertinentes