As novenas já não rezam améns lacrimosos
ao som de Gounot e suas ave-marias.
Não expus no balcão dos negócios
o melhor de mim mesmo
- a nobreza d’alma -,
atravessada ao meio pelo dardo
flamejante da fraternidade cósmica.
Coloquei cortinas em vitrines de meu íntimo,
decoradas de segredos.
Tranquei muitas portas,
abri outras tantas.
Fiquei à espreita na fresta da janela.
Narciso afogou-se incontáveis vezes nos rios
de minha lida cotidiana.
Nos cacos espelhados,
ressurgiu outras tantas,
vulcão ensimesmado nos outros.
Alter erguendo a morada dos homens
e de tudo o que respira.
Moisés Augusto Gonçalves, in Fragmentos impertinentes