terça-feira, 6 de outubro de 2009

Aqui jaz...


Aqui jaz, escrevam na lápide fria,

um vulcão que jamais se extingue, adormece.

Terremoto que repousa, tufão em transe.

Maremoto ondulado de retornos.


Não quero a lápide fria repleta de ontens,

não-dizeres ou silêncios não-ouvidos,

entumecida de suores frios e desejos mórbidos,

altar da hipocrisia de lágrimas e lamúrias vãs.

Uma escrita singela e só,

que sintetize essa chama que jamais se extingue,

índole inscrita em traços fortes.

Escrevam! Oh, escrevam na minha lápide
o que inscrevi nos anos que vivi:
Dignidade!


Moisés Augusto Gonçalves, in Fragmentos impertinentes - e outras tessituras